terça-feira, 22 de janeiro de 2013

C&T - reflexos para o preparo e emprego da Força Terrestre, por AAC para o CPEAEx

C&T 

1. INTRODUÇÃO 

 O domínio da tecnologia de emprego militar permeia, desde a antiguidade, o sucesso de todo exército, seja a qualidade superior do metal nos escudos das legiões romanas, seja na blindagem aero estratégica do escudo antimísseis norte-americano, que desequilibrou a corrida armamentista nos anos 80, propiciando a derrocada da URSS e a queda do muro de Berlim. Usando o ciclo ODA (Sensor, Decisor e Atuador), percebe-se que a eficácia do preparo e do emprego da Força Terrestre está diretamente subordinada à eficiência das decisões no mais alto nível (SIPLEX) e por consequência, elas serão traduzidas no campo de batalha: a. na efetiva alimentação do Sistema de Comando e Controle (C2) com dados confiáveis dos sensores, b. no oportuno processamento das informações de combate (do sistema de apoio à decisão), e c. na destruição do inimigo pelo uso parcimonioso do sistema de armas. Vão-se analisar os principais aspectos das conjunturas internacional e nacional no campo da Ciência, Tecnologia e Inovação, concluindo sobre seus reflexos para o preparo e emprego da Força Terrestre brasileira. 

 2. DESENVOLVIMENTO 

 a. A conjuntura internacional 

 A globalização da economia mundial é o atual pretexto que mantém o Brasil sob custódia dos elevados juros internacionais, pois os investimentos na infraestrutura interna, só se fazem naqueles objetos de interesse dos que orquestraram a nova ordem mundial, no passado, e que decidiram transformar o hemisfério sul como “Zona de Retaguarda” de um suposto conflito nuclear. A dívida externa brasileira aumentou consideravelmente a partir da crise do petróleo de 1973, mas, apesar disso, o país demonstrou uma grande capacidade para construir o chamado “milagre” e ameaçou os ditos desenvolvidos, que, então, resolveram impedir o acesso às tecnologias de ponta. Antes disso, os investimentos na indústria bélica transformou o Brasil no sétimo exportador mundial de armamentos, ocupando importante posição naquele fechadíssimo clube. A Índia não teve dificuldades em construir sua bomba atômica nem de lançar ao espaço satélites artificiais com foguetes próprios. O mesmo não aconteceu quando o Brasil lançou o foguete SONDA IV, com capacidade para transportar 500 quilos de carga. Para complicar, o país fez um acordo de transferência de tecnologia nuclear com a Alemanha, em 1975, que resultou nos contratos de construção das Usinas Angra II e III. O projeto nuclear do Brasil envolvia as Forças Armadas (FA), a Secretaria Geral do Conselho de Segurança Nacional e o Serviço Nacional de Informações (SNI). Um estudo realizado pelo Congresso norte-americano concluiu que o programa nuclear brasileiro caminhava para um sistema de guiagem de mísseis que poderia igualar-se aos dos Pershing I e Scud-B, com igual tamanho e carga, denominado VLS – Veículo Lançador de Satélite, que em 1989 poderia conduzir o primeiro satélite do Brasil à órbita. Eleito o presidente Collor, extinguiu-se o SNI, o Conselho de Segurança Nacional e a Nuclebras. O Brasil assinou o Tratado de Tlatelolco, obrigando-se a ser inspecionado em seu projeto nuclear por comissões dos países ocidentais, e as atividades nucleares das FA foram inviabilizadas pelos cortes nos orçamentos, agravado pela publicação recente da lista de tecnologias sensíveis, que engessaram o desenvolvimento autóctone de uma indústria nacional de defesa, deixando as FA à mercê dos fabricantes de MEM estrangeiros. Inutilizaram-se projetos como: a base de lançamento de foguetes de Alcântara; o submarino nuclear; os reatores de grafite; e enterrou-se o chamado “Buraco de Cachimbo”, destinado a testes subterrâneos. Iniciou-se, então, no Brasil o processo de sucessão eleitoral de candidatos conscientemente comprometidos com as estratégias internacionais de dominação do mundo, sob o pretexto da globalização. Vieram o Foro de São Paulo, que inclui não só partidos de esquerda, mas também os seus braços armados e redes de arrecadação ilegal de dinheiro, tais como as FARC, o MIR chileno, o ELN, e a influência crescente do bolivariano Hugo Chávez, que vem realizando uma disputa armamentista com o Chile, no bloco sul-americano. Apesar de a Força Terrestre participar hoje da Força de Paz no Haiti, manter Observadores Militares a cargo da ONU em diversas nações “amigas” e fazer adestramento em conjunto nas operações interaliadas, infelizmente, ela expõe o baixo índice de nacionalização do material de emprego militar (MEM), o que implica em prejuízo à formulação de doutrina própria, e à autoestima de seus quadros, no preparo e emprego. Em suma, a orquestração internacional encontra nas FA uma resistência patriótica, apesar dos indicadores tecnológicos apontarem para a dependência externa no curto prazo. 

 b. A conjuntura nacional

 A inovação tecnológica – novos processos, produtos e serviços – é um dos eixos da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior do Governo Federal. Atualmente, 73% dos cientistas estão nas instituições de pesquisa e 11%, nas empresas. Nos países de desenvolvimento científico e tecnológico mais avançado, esta relação é inversa. A Lei da Inovação, elaborada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, vai estimular a integração das universidades e unidades de pesquisa com as empresas. De forma a que o conhecimento científico acumulado na área acadêmica transforme-se mais rapidamente em produtos, emprego e renda para os brasileiros. Entre outras vantagens, a nova lei autoriza a incubação de empresas privadas em espaços públicos e a possibilidade de compartilhamento de infraestrutura, equipamentos e recursos humanos, públicos e privados, para o desenvolvimento tecnológico e a geração de processos e produtos inovadores. É o caso do escritório de projetos do Centro de Desenvolvimento de Sistemas (CDS) na UNICAMP (SP) e da incubadora de empresas que funciona no Instituto Militar de Engenharia. Ao propiciar a interação entre a administração pública, a universidade brasileira, as empresas e os agentes financeiros, para o desenvolvimento tecnológico dos setores produtivos locais, a Rede Brasil representa um avanço incalculável no processo industrial do país. Indica, também, que os setores produtivos são incentivados a investirem mais em tecnologia, não apenas para agregar valor aos produtos, mas para criar empregos e melhorar o nível de competitividade, tanto no mercado interno, como nas exportações. A formulação da Doutrina Militar Terrestre definiu a estrutura organizacional, o equipamento (MEM) e a forma de combater da FTer, que deveria ser condizente com a estatura político estratégica do Brasil, a fim de torná-la instrumento eficaz na imposição da vontade nacional. Daí a previsão do Objetivo Estratégico do Exército de número 13: dominar tecnologia que assegure vantagens estratégicas e operacionais. Porém, reduzir o hiato tecnológico e a dependência de MEM para com os outros países, no momento que os orçamentos destes se distanciam cada vez mais, é o desafio desta geração de líderes. Há dificuldade de retenção de talentos, de manutenção de quadros bem adestrados e de elevação do estado moral da tropa, são reflexos dessa crítica situação no preparo e emprego da FTer. Então, não basta o amparo da lei criando parcerias pela Rede Brasil, se não houver a correspondente confiança do empresariado para investir no potencial científico nacional. 

 3. CONCLUSÃO 

 Concluo que não se pode confiar a soberania do Brasil a nenhuma outra entidade, que não suas FA, pela sua permanência como instituição. Até que a indústria possa ser autóctone, a dedicação da FTer à sua atividade-fim vai projetar poder militar e dar tempo às elites para colocar a defesa na devida prioridade nacional, já que isso não parece ser anseio de todos. 

ALAIRTO ALMEIDA CALLAI – Cel CPAEx/EAD – 7, Turma – 2006, 
 Refr: -Artigo: Cai o Pano 2, 17/07/06, CHRISTINA FONTENELLE 
 -CT&I, 2003-ECEME, MINISTÉRIO DA DEFESA 
 -Pesquisa no site do Governo Federal, Agosto-2006

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