Passados cinco meses do falecimento do Chefe, ficou uma vontade encruada de homenagear o meu finado pai e amigo Callai, por não tê-lo feito na ocasião de seu velório da forma como eu gostaria. Após ouvir as palavras gentis do pastor João Fernandes sobre a oração do Pai Nosso, recitada por todos em tom solene, ao fim da qual um certo silêncio exigiu que eu, o filho mais velho, agradecesse em nome da minha mãe, Silvia, e da minha tia, Lila, a presença dos parentes e amigos àquele Cemitério da Paz, naquela tarde quente de sexta-feira, 25 de julho de 2014.
Passava das 1300 hs, mas o veículo ainda não havia encostado para conduzir o corpo à cremação em Luziânia-GO. Todos estavam atentos e ansiosos pelo próximo evento. Talvez um cântico ou hino evangélico fosse uma boa opção para manter o nível de espiritualidade que o momento exigia, mas preferi não correr o risco de puxar algo que poucos conhecessem ou, pior ainda, o cântico de uma Ave Maria, que talvez fosse repetido inúmeras vezes, até o rabecão chegar. Angústia, indecisão - coisas horríveis para o QEMA!
O burburinho que se seguiu quebrou o silêncio e prolongando o olhar vi-me diante dos velhos soldados com quem meu pai trabalhara por mais de trinta anos no Exército e outros dez na Secretaria de Assuntos Estratégicos - SAE/PR. Tive vontade de puxar um HIP-HURRA pelo CHEFE, pelo Exército e pela Pátria com o objetivo de dar razão à existência dele e oportunidade para os que ali estavam querendo homenagear seu passamento. Temi pela reação dos civis, que pudessem, talvez, vincular o júbilo desse tipo de manifestação, a um fato portador de alegria, o que seria desagradável... Apesar de ser bastante comum nas lides desportivas militares o brado ficou entalado na garganta e decidi não intervir.
Hoje me arrependo de não tê-lo feito em alto e bom som:
- Obrigado SENHOR pela vida EM ABUNDÂNCIA e pela morte SERENA que nos concede a todos; e muito obrigado pelos 55 anos de meu convívio harmonioso com nosso paizinho querido, incentivador dos meus sonhos, exemplo de retidão de caráter e de comportamento moral ilibado; disciplinador dos meus desvios de personalidade e atitudes incorretas: - obrigado! Pelos 84 anos dele, vividos na labuta comum, buscando transformar as tarefas do dia-a-dia em desafios animadores que valiam a pena serem realizados de forma impecável, quase perfeccionista, para obter-se o sucesso nessa vida fútil. Seja como filho mais velho da Pierina que foi, ou como engarrafador de cerveja em Santo Ângelo - Rio Grande do Sul, ou como servidor do Estado em Três Corações e Raul Soares - Minas Gerais e em Brasília - DF, ou ainda, e principalmente, seja como marido da Silvia Helena e pai de cinco filhos "normais", por tudo isso, e pela dignidade com que enfrentou a senilidade após ter sofrido um AVC em 2007...
- Ao Chefe Callai: Hip...(espero ser compreendido na provocação e receber dos presentes um forte e uníssono - Hurra!)
- Ao Chefe Callai: Hip...(espero ser compreendido na provocação e receber dos presentes um forte e uníssono - Hurra!)
- Ao Exército brasileiro, corporação íntegra, cuja honra vem sendo atacada sistematicamente por instrumentos formadores de opinião, alinhados a demagógicas ideologias, para que prossiga na manutenção de seus preceitos morais e tradições castrenses de modo a refutar formal e institucionalmente as tentativas de modificação na Lei da Anistia e a blindar seus servidores que, unidos oficiais e praças, e cumprindo ordens, impediram que se instalasse um regime totalitário em nosso país; ...a esse Exército de Caxias: Hip...- Hurra!
- Ao nosso Brasil, terra pátria onde enterramos nossos ancestrais, cujo suor fez dela esse gigante que trabalha e produz riqueza e conhecimento que dá esperança e oportunidade aos nossos filhos, de uma Nação mais humana, cristã, justa e fraterna; ao Brasil Hip...Hip...Hip - Hurra! Hurra! Hurra!
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