sábado, 25 de abril de 2020

Internacionalismo em tempos de pandemia, por Eduardo Diniz-81

O internacionalismo como corrente política apresenta distintos entendimentos, de acordo com a orientação ideológica daquele que o defende. Na sua visão mais branda ele prega uma maior cooperação econômica e política entre as nações em prol de um benefício mútuo. Sem diretamente atacar o nacionalismo, retira dele o foco, defendendo um olhar de maior amplitude e menos individualista. Este pensamento ganhou força na Europa nos últimos tempos, influenciando grande parte do ocidente. A sua materialização pode se ver na edificação da União Européia. O internacionalismo também tem a sua face no Movimento humanista que vê na concepção de uma Nação Humanista Universal como resultado de uma convergência na diversidade, tudo orientado pelas idéias dos direitos humanos, da real democracia e do pacifismo. De certa forma traduz uma agenda que se alinha à visão anterior, num tom mais idealista e menos pragmático. Outra vertente do internacionalismo é a encontrada no pensamento socialista de que a a classe operária é única no mundo todo e a sua luta contra o sistema capitalista deve se dar sem a observância das fronteiras. O pensamento de Marx e Engels reverberou e se materializou na Internacional Socialista e no Movimento Comunista Internacional e viria a perder força com a derrocada da União Soviética e a Queda do Muro de Berlim. O sopro desse ideal vimos mais recentemente aqui nas Américas com a criação do Foro de São Paulo, congregando todos os governos de esquerda existentes. Considerando-se os diferentes enfoques, o nacionalismo é diminuído e em outros casos é rejeitado, tudo voltado para uma visão mais ampla de universo. A Nação Estado é pensada dentro de um espectro maior em que não contam apenas os interesses que são só seus, mas aqueles que atenderão a todo um conjunto de nações. Como ideal podemos pensar que seria aquilo que se deveria buscar. Este ano de 2020, no entanto, veio colocar a prova esse passo que se tenta dar em busca de um mundo mais justo. Sem que ninguém pudesse prever, a humanidade é surpreendida pela pandemia do Corona Vírus COVID-19. Diante do perigo eminente, fecham-se fronteiras, proíbem-se exportações, os mais fortes impõe suas vontades e interesses e os Estados sentem o problema da dependência externa. Frente ao idealismo, impõe-se a realidade daquilo que é inerente ao homem a sua natureza. A natureza humana em momentos de crise, em que o que está em jogo é a própria sobrevivência, se impõe e os ideais se tornam frágeis diante da sua suprema e prioritária necessidade. Isso nos faz refletir e aprender que, os passos dados na direção da ampla cooperação e entendimento com outras nações, deve ser sempre acompanhado de grande parcela de cautela, quando se trata de colocar em segundo plano os nossos próprios interesses. O dia de amanhã poderá nos surpreender.
Eduardo Diniz Um Cidadão Brasileiro
Publicado no Facebook dele em

Nenhum comentário: