Aspectos relevantes no emprego do Sistema Trunking e da Telefonia Celular em atividades de GLO
Exploração do Sistema Troncalizado
Atualmente o sistema Trunking dispõe de dois sítios de antena (Mendanha e
Sumaré) nos quais estão instaladas estações retransmissoras que cobrem a maior
parte da área metropolitana do Rio de Janeiro.
Através do Trunking é possível uma ampla cobertura e a montagem de redes
rádio hierarquizadas, aspectos de grande importância em operações de garantia
de lei e da ordem (GLO).
O sistema troncalizado disponibiliza a o emprego otimizado do espectro de
frequências através da re-alocação dos seus canais. Porém o seu sinal é
vulnerável `as ações de MEA da força oponente, principalmente devido ao fato do
seu sinal ser analógico. Neste contexto destaca-se a possibilidade do emprego
dos equipamentos com a função “Scrambler” (embaralhamento de voz).
O princípio que deve orientar os usuários desses equipamentos é a
imposição de uma rápida troca de informações, prevalecendo a rapidez `a
segurança, tendo em vista a necessidade de liberação dos canais e faixa de frequências empregados.
A troca de informações deve ser feita empregando mensagens codificadas. É
possível o emprego da conversação normal, através da linguagem direta e clara,
desde que seja a mensagem muito curta e objetiva, semelhante ao procedimento ao
redigir radiogramas e mensagens escritas. Nas conversações normais deve-se
buscar o seguinte procedimento:
1.
Usar palavras curtas substituindo as longas; por
exemplo: “Okey”, “certo”, ao invés de “positivo”.
2.
Realização de chamada de maneira simplificada, como por
exemplo: - “CORO, é PENA”, onde o chamado é identificado por “CORO”, o chamador
por “PENA”, a expressão “aqui” é substituída por “é” (por ser mais curta a
pronúncia) e eliminada a expressão “câmbio”.
3.
Uso de mensagem curta e preestabelecida para cada
situação ou missão. Por exemplo: em um deslocamento de comboio ou viaturas que
percorrerão o mesmo itinerário em horários defasados, seria transmitida a
informação tipo: “normal vermelha” – o que significaria trânsito sem problemas
na Linha Vermelha; ou ainda “Parado Brasil e Ponte” - o que seria identificado
por: trânsito engarrafado na Av. Brasil na altura do acesso à Ponte
Rio-Niterói.
4.
Diante da necessidade de transmitir uma informação ou
ordem não preestabelecida, a mesma seria feita eliminando-se ao máximo os
artigos, preposições e outras palavras que não venham a prejudicar o sentido
desejado. Exemplo: “elmo, prepare resumo atividades esportivas semana” – onde
elmo é o codinome de um determinado militar e se identifica no texto a supressão
de palavras desnecessárias, sem prejuízo ao entendimento.
5.
É proibido o emprego dos códigos “Q” e “Z”, dos sinais
especiais de serviço e de expressões convencionais de serviço, por serem
usualmente empregados no meio civil.
6.
Deve se evitar o emprego da pronúncia de letras e
algarismos do alfabeto fonético internacional, em face de seu amplo
conhecimento no meio civil.
7.
O usuário deve considerar que a maioria dos rádios
troncalizados possuem dispositivos programados para cortar automaticamente a
ligação, após um intervalo de tempo.
8.
Sempre que possível, empregar os mesmos operadores,
permitindo o mútuo conhecimento das vozes.
9.
Não utilizar posto ou graduação ou muito menos os nomes
dos operadores. Para possibilitar a identificação, deverá ser usada a lista de
codinomes dos militares e de sua OM.
10. As
redes rádio deve ser montadas de acordo com cada operação.
11. Os
indicativos dos postos e os sinais codificados devem ser simples e com no
máximo duas sílabas. Exemplo: Cota, dado, rato, cano, prego, etc.
12. Os
operadores não devem utilizar a expressão “como me recebe” e outras similares.
A clareza e intensidade do sinal será desnecessária, cabendo aos operadores
identificá-las com o senso prático de operação.
13. Empregar
a autenticação de postos somente em casos de suspeita, devendo para isto estar
prevista a forma rápida e segura no extrato das IEComElt.
14. Usar
como prescrições de emprego do rádio: silêncio absoluto e livre.
15. Proibida
a comunicação para fins de tratamento de assuntos pessoais e particulares.
16. O
pessoal autorizado a operar os equipamentos devem estar habilitados.
Exploração do Sistema de Telefonia Celular
O sistema de telefonia Celular foi projetado para a demanda do mercado
consumidor civil e, consequentemente, para as leis de concorrência que regem o
mercado. Desta forma este sistema tende a apresentar um nível de eficiência
adequado às operações militares, gerando um alto nível de integração, confiabilidade,
mobilidade e flexibilidade aos usuários. Na prática isto pode ser observado
pela ampla cobertura de ERBs (Estações Rádio Base) em toda área metropolitana
do Rio de Janeiro e rodovias de acesso a esta cidade.
A capacidade de tráfego deve ser cuidadosamente analisada ao ser
empregado este sistema, principalmente se houver previsão de algum evento em
região restrita a cobertura de uma ou poucas ERBs, havendo a possibilidade de
saturação de seus canais de operação. Ao ser utilizada a telefonia celular deve
ser feito um estudo junto à operadora, de acordo com a perspectiva do
congestionamento de suas ERBs, visando a possibilidade de instalação de
estações adicionais na região ou da setorização de suas células.
A Simplicidade de operação é uma característica muito bem atendida, uma
vez que, com a popularização da utilização da telefonia celular, a maioria das
pessoas estão aptas a operar um aparelho de celular. Deve-se levar em consideração
que em operações tipo GLO existem várias autoridades de órgãos civis e militares
envolvidos, aumentado assim a necessidade de equipamentos de fácil operação e
comum a todos.
A segurança é um aspecto bastante crítico. O emprego de aparelhos
digitais em substituição aos analógicos proporciona um maior sigilo devido ao
fato desta tecnologia necessitar de equipamentos sofisticados para conseguir
demodular o seu sinal; e é pouco provável que a força oponente disponha destes
recursos e de pessoal para operá-los.
A telefonia
celular assemelha-se bastante às redes rádio de campanha quanto à propagação
das ondas eletromagnéticas pelo meio ar; por isso está sujeita às mesmas
atividades realizadas pelos ramos da Guerra Eletrônica (GE), especificamente às
ações de Medidas Eletrônicas de Apoio (MEA) e de Contra Medidas Eletrônicas (CME).
As medidas de proteção a serem adotadas nestas operações serão basicamente procedimentos de atitude passiva e deverão ser procedimentos simples, uma vez que elementos das forças auxiliares, e até mesmo autoridades civis, estarão envolvidas nas operações:
1. Utilização
de uma lista telefônica associada a uma lista de codinomes e de mensagens
preestabelecidas.
2. Uso
exclusivo dos aparelhos distribuídos, aos operadores civis e militares, para a
transmissão e recepção de mensagens operacionais e a de sigilo da lista
telefônica, que deverá ser distribuída em forma de extratos contendo somente os
números telefônicos que interessam a cada elemento.
3. Troca
rotineira dos números telefônicos através de novos cadastramentos de
habilitação, através acerto com as operadoras de telefonia celular.
Medidas de proteção ativas
também poderão ser adotas dependendo da situação. As principais seriam a de
segurança e proteção às instalações físicas de todo o sistema, sendo que as ERB
devem receber um grau de importância maior.
xxx
Nenhum comentário:
Postar um comentário