segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Prezado Caramuru - por Gen Heleno


A respeito do Gen Montezuma, gostaria de fazer alguns comentários. Se quiser, pode divulgar.
Quando voltei da Missão Militar Brasileira de Instrução no Paraguai (MMBIP), fui classificado na Diretoria de Assuntos Culturais, Educação Física e Desportos.
O Diretor era o Gen Montezuma. A Diretoria, por ser no Rio de Janeiro e por suas atividades, era muito "piruada". Ele escolhia a dedo quem ia para lá. Como a minha transferência foi feita pelo Gab Min, sem consultá-lo, ele se surpreendeu. Não me conhecia e resolveu perguntar quem eu era. Foi informado de que eu era um bom oficial, com um respeitável currículo escolar, mas não ficou convencido. Comentou com seu jeito característico: "esse negócio de ser bom não me enche os olhos, quero saber é o psicossocial". Ou seja, se eu iria somar alguma coisa no excelente ambiente da DACED ou se era "metido a Zé Mané".
Cheguei, "na minha", seguindo a velha regra de "pato novo não dá mergulho fundo" e graças à dupla de vôlei fiz uma rápida aproximação com ele. Jogávamos quase diariamente, na EsEFEx, OM subordinada. Normalmente, nos enfrentávamos, porque o parceiro preferido dele era o então TC Pina, à época o melhor jogador das FA, a quem ele carinhosamente chamava de "number nine", por conta do número da camisa do Pina na seleção das FA. Eu jogava com o Sgt Aguiar, excelente militar e ótimo jogador. Outros assuntos profissionais, o Mengão e as peladas de fim de semana na famosa rede do Forte de Copacabana, no Posto Seis, nos entrosaram ainda mais e eu virei "peixe". Mantive a amizade com ele ao longo da vida, aliás fazendo jus a uma afirmação habitual de seus discursos: "minhas grandes amizades eu fiz nas quatro linhas".
O Gen Montezuma era um chefe querido dos subordinados. Uma pessoa formidável. Desportista, de bem com a vida, gozador, flamenguista doente, fumante de charuto, bom de copo, enriquecia qualquer ambiente com sua alegria, sua risada inconfundível e seu poder de aglutinar. Quando se juntava com o Cel Wenceslau Malta (outra perda irreparável) agitava a praia inteira. Foi chefe de torcida, corredor de 100 metros e goleiro do time da AMAN. Este último predicado, segundo ele, lhe conferiu o apelido de "El Gato". Os mais próximos insinuavam, com respeitosa ironia, que o "El Gato" persistia nas quadras, em alusão às "garfadinhas" bem humoradas que ele dava nas "quatro linhas".
Se jogarem duplas nas canchas do além, ele, a essa altura, já estará aquecendo para entrar em campo. Por sinal, Gen Montezuma, Cel Malta, Damazio (Everest) e Gen Erar darão sempre um bom jogo, com muita discussão durante, muita risada depois e vários Santos assistindo e torcendo.
Forte abraço
Heleno

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