ALAIRTO ALMEIDA CALLAI, nascido em 17 de fevereiro de 1959, na cidade de Três Corações-MG.
Meu pai conheceu minha mãe na Escola de Sargentos das Armas (ESA) onde ele (3º Sgt Art ALAIRTO BENEVES CALLAI) treinava o time de voleibol do Colégio Estadual e ela (SÍLVIA HELENA FERREIRA DE ALMEIDA), então, com doze anos, era atleta da equipe, na preparação para o torneio estudantil de 1953. Casaram-se cinco anos depois e cinco filhos (foto) foram abençoados por essa dupla de "acrobatas", que esticavam o salário do militar, suplementado pelas costuras/confeitos da professora e dona de casa, no suprimento das necessidades do lar. Entrar no Colégio Militar de Belo Horizonte foi o maior desafio intelectual enfrentado, até o concurso de admissão para o Estado-Maior, e uma boca a menos na mesa, a partir de 1970. Contei com a dedicação dos docentes do Grupo Escolar Bueno Brandão, onde cursava a 4ª série primária, pela manhã, e duas professoras que ministravam a 5ª série (Admissão), de tarde, e reforço de geografia e história do mundo (e não apenas do Brasil), de noite. Tudo isso, sem perder as pescarias da família nos fins-de-semana, no Rio Verde, e acompanhar o arriscado projeto do homem voltar da lua. Fui, ainda, forçado a ir à missa uma centena de vezes para descobrir que O Mestre já levara sobre si os fardos mais pesados (Is. 53.4-5), para que todos ajudassem nas cargas uns dos outros, com alegria em Cristo. Meus irmãos (todos mais novos) sofreram com isso!
A Fase Escolar, a partir do internato no CMBH, transcorreu num misto de choro de saudade das mordomias de casa e estudo para não tirar nota vermelha. O esporte veio a preencher as carências imediatas, por uma forte amizade desenvolvida entre os pares, nos momentos de aperto. Meu objetivo maior era ganhar uma medalha nos torneios de judô. Difícil. Esperei todo hum ano para ganhar a primeira. Inclusive, as chineladas do Sgt Inácio tiravam-me da zona de conforto. Da mesma forma, as orelhas puxadas pela mãe, faziam-me entrar ágil no transporte para voltar dos licenciamentos. Possuir tios, Mauro (sargento na CRO) e Yonne, que me buscavam às sextas-feiras e me entregavam aos domingos, era uma verdadeira bênção! O convívio com a família Machado de Almeida, como se fosse filho deles, era reanimador. Havia aniversário de alguém, todo sábado. Jaraguá e Mineirão, eventualmente. Entretanto, a oitava série chegou rápido e descobri que eu poderia atirar de FAL se passasse de ano com média sete e me candidatasse à Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), em Campinas-SP. Muitos companheiros do internato seguiram essa rota. O espírito se alegrava nas quermesses da Igreja São Judas Tadeu, na Praça Poá (PNR do tio), onde os quatro primos menores tomavam seus cascudos.
Na EsPCEx, tive a oportunidade de praticar vários esportes, mas a ginástica artística (olímpica, à época) ajudou-me a conhecer meu corpo e superar barreiras da gravidade. O Cap Maurício foi nosso tutor e chegamos a compor a seleção juvenil da cidade no campeonato do Estado. Muitos treinos nos horários sem expediente, mas de grande aprendizado. Certa apresentação, no intervalo de jogo do Morumbi lotado, eu falhei num salto mortal à frente (os colchões separaram-se) e tomei vaias inesquecíveis. O professor Fernando Brochado mandou prosseguir e a vaia começava antes de eu iniciar a corrida. Na semana seguinte, fiz a maior média da equipe no torneio iniciação desportiva no ginásio do Ibirapuera. Vingado! Porém, o coração queria um esporte coletivo, onde a abnegação e a coesão pudessem criar resultados maiores que a soma dos desempenhos individuais. Motivado pelo Tavares fiz teste no voleibol e já ganhei a vaga de titular para as competições da NAE de 1976. A EsPCEx é impecável, em todos os sentidos. Amadureci com as novas amizades e tirei de letra os estudos. Decidi seguir carreira. Havia boa expectativa de reencontrar os bombeiros do CMBH e de me livrar dos dois colegas (Mauro e Sérgio Brito) que aprendiam a tocar violão no meu “setor”. O frio que passamos no acampamento da Fonte Sônia foi sublimado.
Ingressei na Academia Militar das Negras (AMAN) e concluí o Curso Básico em 1977, tendo perdido um grande amigo da Escola Naval (ex-CMBH) e os meus dentes da frente, num acidente de carro no túnel Rebouças. Muito triste ouvir o toque de corneta no Cemitério São João Batista. Neste ano, e no seguinte, fiquei de fora das competições mais importantes, apesar de treinar intensamente com a equipe de voleibol da Academia. Conquistei algumas medalhas e contribuí para que a 2ª Companhia se apresentasse bem no Troféu General Sampaio. Rondon seria escolhido como meu patrono de Armas e isso definiu, pelo resto de minha carreira, os companheiros com quem iria conviver. Minhas recordações da AMAN são de exploração das ciências militares e da dificuldade em encaixar os hiperboloides de revolução (cálculo IV) nas soluções de problemas da OSPB. Os “irmãos de água” proporcionaram estudo do kardecismo e a consolidação de grandes amizades nas Comunicações (Gomes, Elirez e J.Ricardo). A equipe do Maj Monte Gomes foi a família que me fez crescer nos anos 79 e 80, culminando com o bicampeonato de voleibol da NAVAMAER. Há irmãos mais novos e mais velhos, mas o pai coloca cada um na posição que atende ao conjunto para chegar ao objetivo. Ponto/set/jogo/vitória. Tio Toninho (Cel Eng QEMA Almeida, nosso instrutor de Geografia) foi tutor e exemplo nestes anos, e seus entes queridos, alento à alma. Bacharel em Ciências Militares em 15/12/1980.
Chegamos os sete aspirantes (foto) no 4º Batalhão de Comunicações de Exército (4º BComEx), recebidos pelo comandante, Sr Cel Lisboa que, por residir no PNR no interior do quartel, onde morei três anos, seu filho Sérgio cooperou para meu casamento com a Srtª ANA MARIA CHAVES VALENÇA, em 1984. Este fato teve grande impacto na minha vida, pois dividir toda intimidade e criar vínculos sólidos é algo especial “de Deus”. O amor que nos uniu foi tremendo. Baseou-se nos valores cristãos e fez de mim uma pessoa melhor a cada dia. Frequentamos e nos batizamos na Igreja Presbiteriana de Boa Viagem. Nós, os aspiras, operacionalizamos as instruções dos Programas-Padrão do SIMEB para atingimento dos objetivos individuais da FIIB e de Qualificação, orientados pelo Cap Campelo, S3. O adestramento? Só o básico, nível Fração. Pouquíssimos meios e recursos exíguos. Comandei dois pelotões da CCPCR por um certo período e fui para a CCSv, pois vencer as competições das OMDS ao IV Exército tornou-se prioridade, com o novo Cmt OM, Cel Ruy. Nesta Unidade, fui promovido a 2º e a 1º Tenente, mesmo tendo que me ausentar para as Olimpíadas do Exército/82, Competições Desportivas entre os Comandos de Área/83 e Torneio de Voleibol das FFAA/83. Sem construir um passado esportivo, eu nunca seria selecionado para curso na Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx). Duas vagas para a Arma (COM) e um concorrente fortíssimo: Ten Elirez. - Bora pro Rio! disse o Eli, em setembro de 1983, com o radiograma nas mãos.
Recém-casado, morando em frente ao Iate Clube e cursando a EsEFEx, o ano de 1984 tinha tudo para ser uma aventura e deleite. Não. Nossas esposas nos cuidavam na maior parte do tempo, uma vez que as áreas desportivas ficavam abertas ao público. As atividades terminavam às 14:00h, então, exausto e preocupado com a prova do dia seguinte, ainda tomaria banhos de sol na “praia de fora” para acompanhar a jovem senhora. A maturidade dos processos de ensino da Escola, facilitado pelas excelentes condições das pistas, equipamentos e corpo docente experiente e distinto, permitiam aos alunos conviverem com os atletas de alto rendimento da CDE (e hoje, olímpicos) num ambiente de invejável excelência. Ambos gostamos muito da Urca e da Fortaleza São João. Orgulhoso pelo troféu no decatlo do atletismo, em novembro me tornei instrutor e bacharel em Educação Física, após 1.522 horas/aula.
Na 4ª Companhia de Comunicações (Cia Com) em Belo Horizonte aprendi a jogar peteca e pude exercer o cargo de S3 e OTFM. Fiz curso de Arbitragem de Voleibol na Federação Mineira, apitei jogos televisionados e treinei a equipe de atletismo da 4ª DE nas Competições do CML. Foi muito prazeroso contar com a colaboração de três calções pretos, Bazuchi (CMBH), Kimura (ESA) e Wanderley (12ºBIMth) coordenados pelo próprio comandante: Gen Tinoco. Rever os familiares do tio Mauro e do tio Toninho em BH deu ânimo para encomendar e receber nosso primogênito: Leonardo, em 15 de novembro de 1986, com as bênçãos do SENHOR. Promovido, em seguida, a Capitão, voltaria para o Rio de Janeiro, nomeado instrutor da EsEFEx, devendo atuar sucessivamente nas cadeiras de atletismo, voleibol, ginástica artística e organização de competições, pelos próximos quatro anos, em vaga criada, excepcionalmente, pelo Sr Cel Renato B. Ustra, junto ao Departamento de Ensino e Pesquisa.
Morar no Edifício São João e criar um filho à beira mar tem seu preço e o comandante sabia disso. Foram os melhores anos da vida castrense, mas eu fiz por merecer! A solidariedade dos companheiros, a orientação da Divisão de Ensino e tutoria dos anciãos do esporte militar e competitivo, foram fundamentais para o bom andamento das atividades-fim. Daí, a ideia de cursar a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), em 1990, foi descartada por uma oportuna recondução, mesmo sabendo que perderia a turma. Findou a Fase Esportiva da carreira. Valeu a pena fazer novas amizades na turma de 1981 e, depois de muito papiro: mestre em Operações Militares, em 9/12/1991.
Ao término da ESAO resolvi apresentar o frio de São Gabriel-RS para a família, mesmo podendo permanecer no Rio. Como subcomandante da 13ª Cia Com realizamos tiros das armas coletivas e de instrução das IGTAEx, inclusive os noturnos. Foi bastante desafiador. Aprendemos a bendizer ao SENHOR nos lares, em Rosário do Sul. Convidado para entrar na Guerra Eletrônica (GE), fui para Brasília-DF em junho de 1993. Em seis meses, especializado em GE, Cat “A” (760 h/a). A promoção a Major permitiu minha nomeação a instrutor do Centro Integrado de Guerra Eletrônica (CIGE) no biênio 94/95. Mais uma vez teria a oportunidade de ser instrutor naquilo que a Força investiu em minha especialização.
Chefe da Divisão de Ensino e depois Coordenador apresentava-se ótima oportunidade de contribuir com profundidade na melhoria das práticas pedagógicas do conhecimento de GE, pela experiência de instrutor na EsEFEx e participação nos Conselhos de Ensino, dos quais era relator. Mas a vaidade, por outro lado, instigou-me a estudar e ser aprovado no concurso de admissão à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). A Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra nos apresentou as dinâmicas de casais dos encontros nos lares.
Segui para o Rio de Janeiro/RJ, no início de 1996, para realizar o Curso de Comando e Estado-Maior (CCEM) com mais um filho nos braços. Em 15 de julho de 1995 nasceu o Samuel, no HFA, com saúde e muito abençoado por Deus. Fazer a monografia e participar das viagens de estudos foram os pontos altos da Escola, que introduziu o G15 para mudar a cabeça dos competitivos em colaborativos. Ao final, Doutor em Ciências Militares em 27/11/1997, fui classificado, por escolha, no Cmdo da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, em Bagé-RS. O trato diário com um oficial-general, seu Estado-Maior e os Cmt OM é muito peculiar. A Operação São Simão coroou em Saicã-RS o adestramento da 6ª DE. Como E4 da Brigada, sugeri uma tabela Excel de “economia” de todas as Classes que foi considerado trabalho útil pelo Comando de Operações Terrestres (COTER). Promovido a Ten-Cel, pude exercer a presidência do Conselho Especial de Justiça agregando saber à Fase Assessor de EM. A Diretoria de Material de Comunicações, Eletrônica e Informática (DMCEI) obteve minha classificação em Brasília em 1999, para o Bug do Milênio. Em 2000, topei cursar pós-graduação em Análise, Projeto e Gerência de Sistemas (656 h/a) no GFI/UNB, à noite, depois de cumprir o expediente.
Nomeado S Cmt e S Dirt de ensino no CIGE para 2001/02, pude, desta feita, contribuir na administração da coisa pública, pois também fui o Ordenador de Despesas (OD) da OM, por delegação. Supervisionei o projeto: Coletânea História da Guerra Eletrônica (do Cel R1 Corrêa) para produção de livro didático. A excelência gerencial na Secretaria de Tecnologia da Informação (Gen Albuquerque) inspecionou a administração das OM subordinadas e uma tomada de contas especial (TCE), no CIGE, por sorteio, gerou seis recomendações no meu CPF. Seria OD novamente no comando do Batalhão Escola de Comunicações (BEsCom)!
A Fase de Comando iniciou-se com a nomeação para o BEsCom no período 2003/4; OM Operacional do Grupamento de Unidades Escola (GUEs) encarregada das comunicações troncalizadas, nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem, do CML e, ainda, da experimentação doutrinária do Módulo de Telemática Experimental do Comando e Controle em Combate (C2 Cmb). A introdução do programa PEG-EB exigiu muito do subcomandante e do EM, e os companheiros corresponderam. Concluí que comandar é formidável. Promovido a Coronel, em Ago/2004.
Classificado na 2ª Subchefia do Estado-Maior do Exército (EME) seriam quatro anos de muita aprendizagem. Realizei o Curso de Especialização em Política, Estratégia e Administração do Exército (CPEAEx): 29/12/2007 por ensino a distância-EAD, na ECEME; e pós graduação (especialização) em Docência do Ensino Superior (360 h/a) por EAD, na Universidade Castelo Branco (Fev/2009), Rio de Janeiro-RJ. O Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) julgou um trabalho considerado útil com pontuação, sobre análise de sistemas e segurança da informação, usado no segundo comando.
Nomeado Chefe do 5º CTA, em Recife-PE, no período 2009/10, para gestão de recursos de TI para 7.000 homens em situação de normalidade. A OM foi premiada no Programa Pernambucano de Qualidade nestes dois anos e o CITEx também lhe atribuiu Prêmio pelo ambiente de excelência alcançado. Por EAD, cursei a Extensão Universitária em Processos Públicos Interinstitucionais (120 h/a) da Universidade de Brasília-UNB-CEAD (Dez/2010). Brasília de novo! No DCT fazia o desconflito na execução orçamentária do sistema de incidentes dos V Jogos Mundiais Militares (2011) e do software de sincronização de eventos da Rio+20. Origem do conhecido Pacificador. Fui para a reserva em Set/11, após 37 anos de serviço, dando início à Fase Empresarial. 
Fui contratado pelo Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife – CESAR, em 2011/12 como analista de defesa na área de C2 do projeto Brigada Braço Forte, para os grandes eventos esportivos no Brasil, por convite do Sr Gen Santos Guerra, e voltei às fileiras do Exército como prestador de tarefa por tempo certo (PTTC) em Mar/2013, na equipe do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON). Em Julho, passei a gerente do Projeto Estruturante de Governança de TI na 2ª SCh EME e fui contratado pela Fundação Trompowsky em Jan/2014 para o projeto PROTEGER. Concebeu-se o software Protetor na salvaguarda das estruturas críticas, coração dos Centros de Coordenação das Operações Terrestres Interagências. PTTC no COTER, entre 2015 e 2019, pude operacionalizar o, atual, Integrador e me tornar o fiscal do contrato da empresa terceirizada no Sistema Integração, Monitoramento e Apoio à Decisão (SIMAD). Show da Fé com o Missionário RR Soares, na TV.
Fui agraciado com as Medalhas: Militar de Ouro, do Pacificador, Ordem do Mérito Militar (oficial), Ordem do Mérito Naval (oficial), Mascarenhas de Moraes, Barão de Capanema, Sangue de Heróis, da Confraternização e Heróis de Casa Forte, mas o sucesso, mesmo, estava na alegria de criar filhos tementes a Deus: Léo, assistente social e operador de máquinas na CAESB/DF e Samuel, analista de sistemas e fotógrafo no MS, casado com a Gaby (foto). Em Recife desde Ago/2019, masterchef - QRV. Saber o que importa, e qual é o seu verdadeiro valor, é a chave para viver uma vida de significado e propósito.
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